9 de março de 2017

Acolher bem é evangelizar

Amados, este período de preparação para o início da catequese, me faz refletir sobre uma grande virtude cristã que todo catequista deve ter por excelência: O ACOLHIMENTO. Pesquisando um pouco sobre o assunto, encontrei dois textos que falam sobre a essência dessa palavra e a sua dimensão em nossa vida pessoal, comunitária e social. Encontrei os textos em lugares diferentes, mas parece que eles se complementam e a sua mensagem é bastante inspiradora. Espero que possa inspirar você também nesta busca por um mundo cada vez mais humano e acolhedor.


Acolher é uma atitude de relação humana. É a comunicação entre pessoas entrando em sintonia, dialogando, expressando-se em gestos, enfim, estabelecendo elos de união com Deus, com os irmãos e o meio ambiente. Atualmente as relações são marcadas por imensas dificuldades, em todos os sentidos. A sociedade sofre mutações constantes e velozes. A sensibilidade de cada um vai-se modificando e com ela, os hábitos de vida, tornando-se um grande problema de relacionamento, quer na família, nos negócios, com os amigos, no ambiente de trabalho, na escola, etc.

Estamos vivendo uma “época em mudança”, onde a sociedade se vai movendo em várias direções, em todos os âmbitos. Há um aparente esvaziamento espiritual e uma certa condição para a aceitação das realidades. Esta época é marcada pelas muitas opções oferecidas pelo mundo, que são caminhos diversos trazendo inúmeros desafios: maneira de pensar, de agir, inversão de valores, incluindo a religiosidade.

Este contexto faz com que haja um empenho maior para trabalhar o acolhimento, procurando resgatar a afetividade das pessoas, despertando um desejo de viver, estar bem e de se inserir. Todos querem, intensamente, escapar do anonimato, pertencer a algum grupo para se sentirem eles mesmos, construir e salvaguardar a própria identidade.

A Igreja e o acolhimento
O Concílio Vaticano II provocou inúmeras mudanças e uma onda de renovação tomou conta de seu seio, abrangendo estruturas e pessoas, pois a transformação de ambas deve acontecer ao mesmo tempo.

Em diversos documentos, a Igreja dá atenção ao acolhimento, de maneira rápida ou detalhada, colocando a importância desta atitude de misericórdia, à luz do gesto acolhedor de Jesus Cristo.

Aprender com Jesus o acolhimento
Os critérios para um bom acolhimento fundamentam-se na Palavra de Deus, nas orientações da Igreja e nas necessidades da comunidade local. É bom conhecer a pedagogia que Jesus usava no acolhimento dos que o cercavam. Ele não estava preocupado com o sucesso, mas sim, com a qualidade e com a fidelidade.

A nossa vocação cristã consiste em percorrer o mesmo caminho do Mestre, com humildade e confiança, a fim de comunicar a todos a salvação. 
A comunhão com o Senhor Ressuscitado impulsiona o cristão a descobrir a existência do acolhimento e a comunhão com o irmão e a solidariedade com as pessoas, sem exceção. O acolhimento é um elemento integrante da evangelização, pois proclama a misericórdia oferecida a todos, dando sentido à existência e entusiasmando para querer ver Jesus, caminho, verdade e vida.

Acolher bem as pessoas é uma forma de se viver a própria fé e realizar com eficácia a missão que Jesus nos confiou.

Para que o acolhimento seja, de fato, um elemento propulsor de nossa ação pastoral, é preciso que se conheça três dimensões:

Dimensão pessoal: o acolhimento diz respeito, primeiramente, à pessoa na sua individualidade, modo de ser, liberdade, anseios. Na missão, Jesus chama seus discípulos pelo nome e respeita sua liberdade.

Será que as nossas comunidades não crescem por causa do pouco caso que fazemos às pessoas e sua história, não dando o valor merecido e enfatizando só o que é negativo?

Dimensão comunitária: o acolhimento deve resgatar um sentimento efetivo de unidade de fé e vida na vivência cristã da comunidade. Deve harmonizar essa existência cristã, onde não aconteça discriminação, mas seja lugar de discernimento, espaço de experiência do perdão, animada pelo amor fraterno e que dê ao mundo o testemunho de unidade.

Será que nossas comunidades não se tornaram agrupamento de pessoas que, apesar de bem-intencionadas, fazem seu apostolado sem se importarem com o verdadeiro sentido de convivência e partilha?

Dimensão social: a pessoa faz parte da sociedade na qual vive. Logo, essa mesma pessoa influi e é influenciada no lugar onde se situa. Há muitos desafios que merecem atenção – as mudanças sócio-econômicas, culturais, as crises de ética, a indiferença e o pluralismo religioso. Tudo isto se modifica rapidamente e traz consequências que estão à vista: miséria, violência, desemprego, morte, vícios, exclusão e outros males dos nossos dias.

O Espírito do Senhor Ressuscitado faz-se presente e operante em todo tempo e lugar, na diversidade de contextos e situações humanas, fazendo compreender que
a atitude de acolhimento deve privilegiar a aproximação das pessoas de toda a sociedade. Isto vai exigir mudanças, desacomodação, revisão de ações pastorais e eclesiais e, sobretudo, atitude de espírito apoiada no seguimento de Jesus Cristo.

O exemplo vale mais que mil palavras. Portanto, viver concretamente a palavra Acolhida, por meio de nossas atitudes, é transmitir sinal da presença de Cristo entre nós. Lembremos que a motivação que arrastou multidões a seguir Jesus Cristo veio do testemunho de amor dos apóstolos, pois a primeira comunidade cristã era assim caracterizada: “ser perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações” (At 2,42). Eles cultivaram com zelo e maestria a palavra ACOLHIDA no seu dia-a-dia e fizeram brotar o amor em seus corações.

Viver a acolhida requer atitudes pessoais de abertura, atenção e aceitação do outro, pois, quem acolhe, é, pois, quem deve amar a pessoa como ela é.

Acolher deve ser constantemente partilhado dentro e fora do Instituto Missionário. Os gestos de acolhida devem expressar verdadeiramente generosidade e sinceridade, de modo que, ao abrirmos nossos braços expressando um sorriso, o outro se sinta de fato acolhido. Acolhimento não é apenas um tapinha nas costas, ou um simples “oi”; razão pela qual temos que nos converter a cada dia, porque nem sempre estamos dispostos a abrir o coração ao outro. Por isso, necessitamos invocar as graças de Deus para suprir as nossas limitações.
A marca relevante na comunicação e também na acolhida é a escuta. Escutar é mais do que ouvir: é a regra de ouro para o sentido de pertença e bem-estar de todas as pessoas chamadas para servirem Jesus Cristo nas pessoas, por meio do nosso Instituto Missionário – Humanizando e evangelizando.

Recordo-me, agora, de um fato marcante em minha caminhada: estava na cidade de Salvador, entrando na Igreja da Piedade, quando perguntei se já tinha começado a reunião da legião de Maria. O sacristão respondeu que sim, acrescentando que as reuniões aconteciam todas as quartas-feiras, às 19:00h. Então, participei da reunião. Após as orações iniciais, o jovem Jorge Peralta saiu do seu lugar para proferir a leitura Espiritual bem ao ouvido do confrade João Batista, que tinha deficiência auditiva. Concluída a leitura, o confrade João Batista fez a partilha da mesma. Este exemplo significa, para mim, praticar em sua essência e com todas as letras a palavra ACOLHIDA, onde reinou o respeito e o valor da presença daquele que, apesar de sua idade avançada e de suas limitações, o confrade João Batista estava dando o seu testemunho de amor e da importância de sua vida cristã. No nosso dia-a-dia em nossas fraternidades deve existir a espiritualidade partilhada e fraterna como fonte de inspiração, além do encorajamento da vida de oração e reflexão (meditação), individual e comunitária.

Quero, nesta oportunidade, citar alguns exemplos de como Jesus Cristo praticou a acolhida em sua vida:
Jesus acolhe as crianças (Lc 18,15-17);
Jesus acolhe a pecadora (Lc 7,36-50);
Jesus acolhe Zaqueu (Lc 19,1-10);
Jesus Bom Pastor (Jo 10,14-17); e,
Jesus também foi acolhido, por Marta e Maria (Lc 10,38-42).  

A mágica da Acolhida entre nós é totalmente atingível, portanto, devemos querê-la e praticá-la por meio das nossas ações, pois a palavra induz, mas o exemplo conduz.

Por meio da Acolhida criamos as condições de viver o amor entre nós. E, aí, poderemos, afinal, viver a Bem-aventurança.

Fonte:http://www.jardimdaboanova.com.br/2012/02/acolher-bem-e-evangelizar.html

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